Biblioteca Central recebe a Biblioteca Humana dia 05/04

31/03/2023 14:56

Logotipo da Biblioteca HumanaImagine uma biblioteca na qual pessoas são consultadas ao invés de livros?! Pois é, elas já existem e estão espalhadas em mais de 80 países. São as Bibliotecas Humanas, que você terá a oportunidade de conhecer na Biblioteca Central da UFSC, na próxima quarta-feira, 05/04/2023, 9h às 11h e das 14h às 17h.

Livros humanos: nas bibliotecas humanas, em vez de encontrar livros, você encontra pessoas com histórias para contar, são “livros humanos” com os quais poderá ficar cara a cara para ouvir e dialogar. A proposta é compartilhar histórias pessoais para trazer à tona novas realidades que, por muitas vezes, estão distantes do nosso cotidiano. Nas bibliotecas humanas cada pessoa se oferece como um livro humano de maneira voluntária e gratuita. Conheça os livros humanos que estarão na Biblioteca Central da UFSC dia 05/04/2023:

  • Feijão. Trabalha com Dreads na Praça quinze, mulher Pan, tem um filho trans e é membro da Associação LGBTQIA= de Florianópolis.
  • Ângela. Mulher em situação de vulnerabilidade financeira, mãe de criança autista.
  • Jahnava Isvari. Devota do templo de Harre Krisna Florianópolis.
  • Maria Antônia. Psicóloga. Tema Suicídio.
  • Rosaura Saraiva. Tema Tarot e Terapia.
  • Camila Graciano. Mulher Trans. Tema Vivendo como moradora de rua.
  • Elena Lamego. Síndrome de Guillian-barré. Professora de Português e escritora. Tema em novo Rítimo.
  • Efraime Daniel. Estudante estrangeiro.
  • Fátima Medeiros. Tema Nunca Desista.


Sobre a Biblioteca Humana

As bibliotecas humanas iniciaram em 2000 pela ONG Stop the Violence, sediada em Copenhague, na Dinamarca. A primeira delas abriu suas portas na capital dinamarquesa dentro do Roskilde Festival, um dos maiores festivais de verão realizados na Europa. A iniciativa da ONG foi capitaneada pelo jornalista Ronni Abelger, e seu objetivo era reduzir a discriminação existente entre os jovens, questionando preconceitos e estereótipos, além de promover o diálogo, a tolerância e compreensão para pessoas de outras raças, culturas e religiões.

Naquela época, e após anos de intensa imigração, um sentimento de rejeição à população estrangeira começou a surgir dentro de uma parte da sociedade dinamarquesa. Para reverter essa tendência, Abelger lançou a ideia e a primeira biblioteca humana inspirou outras pessoas que decidiram abrir novas bibliotecas em diversas localidades da cidade. O projeto gerou um movimento organizado em torno da marca “Human Library Organization” [HLO], uma organização internacional sem fins lucrativos cujo objetivo é oferecer um lugar seguro para o diálogo, livre de preconceitos, e onde os assuntos sejam debatidos abertamente entre “livros humanos” e “seus leitores”. A organização é literalmente uma biblioteca de pessoas que promove eventos nos quais os leitores/ouvintes têm acesso a pessoas que se tornam “livros abertos” e podem ter conversas sobre os mais variados temas. A HLO tem como principal objetivo ser uma plataforma de aprendizado promovendo diversidade e inclusão.

É sabido que as bibliotecas sofreram grandes mudanças para se adaptarem a novos modelos sociais e, principalmente, aos avanços da tecnologia. Elas, que são até hoje consideradas “templos” do conhecimento, precisaram se reinventar nas últimas décadas diante das novas ferramentas tecnológicas. Neste cenário, as bibliotecas humanas nos fazem lembrar que embora a tecnologia tenha criado ferramentas que proporcionam a hiperconectividade, há algo mais fundamental que é a interação e o contato humano. Como diz a letra de uma canção, “chega de conexão, o que eu quero é contato”. Com a intensificação dos movimentos migratórios no mundo todo e com uma enorme confluência de pessoas de diferentes culturas, religiões e raças que passaram a conviver juntas, as bibliotecas humanas foram concebidas como plataformas para promover o diálogo entre pessoas que nunca conversavam entre si, rompendo barreiras de preconceitos e estereótipos por intermédio do conhecimento e do diálogo.

No Brasil, a iniciativa existe – por exemplo – na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que em setembro de 2019 realizou um evento com o intuito de combater o preconceito e aproximar pessoas com relatos de vítimas de intolerância. Com o suporte de profissionais de psicologia e biblioteconomia, a Biblioteca Humana da UFAM também conta com a certificação da HLO. O sucesso das primeiras bibliotecas humanas na Dinamarca incentivou a expansão da ideia para outros países como o Canadá, Estados Unidos, Índia, Itália, Islândia, Romênia, Noruega, Portugal e Espanha, onde existem bibliotecas humanas nas cidades de Madri, Barcelona e Sevilha. No nosso mundo tão assoberbado de informações provenientes de tantos canais de comunicação, as bibliotecas humanas são um alento para proporcionar não só um lugar de fala, mas – principalmente – de escuta e diálogo. E comprovar que nada melhor do que uma conversa ao pé do ouvido.

Em Florianópolis, os eventos vem sendo realizados por Maria de Fátima Medeiros e Silva , criadora e Coordenadora do Projeto Releituras Livro Acessível, projeto que desde 2017 leva Acessibilidade de Informação para brasileiros com limitações de Leituras (Printed disabled) , o primeiro evento aconteceu no aniversário da Biblioteca Pública de Florianópolis na data em que a Biblioteca Santa Catarina completava 263 anos de existência, o segundo evento foi no Centro Integrado de cultura ambos aconteceram no ano passado. A Biblioteca Universitária da UFSC realizará essa primeira experiência em 05 de abril de 2023 e pretende no futuro promover mais edições.


Detalhes do evento

  • O que? Biblioteca Humana
  • Quando? 05 de abril de 2023, das 9h às 11h e das 14h às 17h.
  • Onde? Hall da Biblioteca Central da UFSC.
  • Como? O funcionamento delas é muito simples: os usuários que acessam e consultam seu catálogo de “opções”, ao invés de encontrar livros, encontram pessoas com histórias para contar. Assim, eles podem ficar sentados cara a cara por um tempo determinado para ouvir e dialogar. Nesse novo modelo, a ideia não é ler ou emprestar livros, mas compartilhar histórias pessoais para trazer à tona novas realidades que, por muitas vezes, estão distantes do nosso cotidiano. Nas bibliotecas humanas cada pessoa se oferece como um “livro humano” de maneira voluntária e gratuita. De certo modo, elas ensinam que, como nos livros, as pessoas não devem ser julgadas apenas pela “capa”, pela aparência.
  • Não é necessário realizar inscrição. Não serão emitidos certificados de participação.
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