Empréstimo de Tecnologias Assistivas (TAs) nas Bibliotecas universitárias

Empréstimo de Tecnologias Assistivas (TAs) nas biblioteca universitárias

Descrição da imagem: Charge digital. Retângulo na horizontal com as bordas na cor preta e fundo branco. Acima do retângulo, no lado esquerdo está a hashtagacessibilidadeemcharges e no lado direito a frase: Descrição da imagem no texto alternativo. Dentro do retângulo, está o balcão de empréstimos e atrás dele está o Servidor. O balcão possui o lado esquerdo rebaixado para atendimento de PCD. Laís está à direita do balcão. Acima dela há um balão de fala com os dizeres: Boa tarde! Eu gostaria de fazer um empréstimo de notebook. Ao que o servidor responde: Claro! Só um momento. Atrás de Laís, está Carla, e acima dela está sua fala: Eu também quero! Não sabia que a biblioteca oferecia notebook. Mais à direita da imagem está Jonas, com um balão de fala, onde se lê: Não Carla, acho que você está fazendo uma confusão… Você não pode fazer esse tipo de empréstimo! Na realidade a biblioteca empresta tecnologia assistiva para pessoas com deficiência.


Para viabilizar a participação e a autonomia das pessoas com deficiência nas atividades do cotidiano, têm-se criado dispositivos que se adequam às especificidades de diferentes corpos promovendo e ampliando suas habilidades funcionais. Esse conjunto de instrumentos e serviços é denominado Tecnologia Assistiva (TA).

As TAs podem ser utilizadas em diversos contextos da vida diária possibilitando a execução de tarefas relacionadas à alimentação, locomoção, comunicação, informação e educação. Para isso, existe uma série de objetos funcionais caracterizados como TAs, que vão desde fixador do talher à mão, cadeiras de rodas, bengalas, pranchas de comunicação alternativa, vocalizadores, softwares leitores de tela, planos inclinados à computadores e tablets, entre outros.

Por meio desses dispositivos, pessoas com deficiência podem acessar com equidade os meios necessários para desenvolver suas atividades do cotidiano. As TAs atuam como facilitadores na eliminação de barreiras, sejam elas urbanísticas, arquitetônicas, de transportes, informacionais, comunicacionais ou tecnológicas.

Tratando especificamente do âmbito informacional, encontra-se atualmente TAs provenientes das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), as quais são muito utilizadas para acessar conteúdos digitais de caráter informativo, escolar e acadêmico. Nesse contexto, para promover o acesso à informação aos usuários com deficiência, de forma efetiva e com qualidade, as bibliotecas têm disponibilizado recursos de Tecnologia Assistiva como fonte de informação.

Diniz, Almeida e Furtado (2015) reafirmaram, por meio de um estudo com bibliotecas brasileiras e portuguesas, a premissa de que as bibliotecas universitárias tenham infraestrutura mínima, a qual compreenda serviço qualificado e equipamentos de TAs informacionais adequadas aos perfis dos usuários com deficiência. Neste sentido, foram elencadas algumas dicas, com base nas proposições de Paula e Carvalho (2009) e Gonçalves (2012), para que as bibliotecas estejam a par desses recursos:

  1. Disponibilizar dispositivos para acesso ao acervo, tais como computadores, notebooks, tablets, teclados, mouses adaptados, gravadores, fones, entre outros;

  2. Prever recursos de acessibilidade nos serviços e equipamentos para estudos, pesquisa e lazer;

  3. Promover apoio didático nos serviços prestados pela biblioteca, conforme disponibilidade dos equipamentos e recursos humanos;

  4. Orientar quanto ao uso das TICs;

  5. Proporcionar um ambiente adequado aos usuários para que o acesso às pessoas com deficiência seja o mesmo dos demais usuários;

  6. Possibilitar a criação e disseminação de novas ferramentas de apoio que complementem a educação dos usuários com deficiência;

  7. Divulgar os produtos e serviços interna e externamente de forma acessível, utilizando as ferramentas de acessibilidade nos meios físico e digital;

  8. Estimular a autonomia acadêmica de seus usuários com deficiência;

  9. Adquirir e produzir acervo acessível.

Diversos estudos corroboram com a disponibilização de tecnologias assistivas nas bibliotecas universitárias como fonte de informação, o que representa um avanço na área de ciência da informação e na prática consciente das bibliotecas. No entanto, a equidade que esses dispositivos promovem no acesso à informação ainda não faz parte da cultura das bibliotecas de um modo geral. O desconhecimento e as interpretações equivocadas sobre o empréstimo de TAs pelas bibliotecas decorrentes da perspectiva capacitista têm se configurado como uma barreira de acesso aos usuários com deficiência.

Para esclarecer essa questão é preciso ter como propósito a difusão do acesso à informação sem restringir ou excluir o usuário. Ao questionar o tipo de fonte de informação responsabilizando o usuário por sua demanda específica vai de encontro com o próprio papel da Biblioteca enquanto unidade de informação. Como afirma Gonzalez (2002): […] a biblioteca acessível é a que disponibiliza a informação em qualquer suporte e provê acesso a todas as pessoas que dela necessitam, ou seja, segue os princípios do desenho universal.

Referências

Diniz, I. C. dos S., Almeida, A. M.; Furtado, C. Acessibilidade e Produtos de apoio nas bibliotecas universitárias brasileiras e portuguesas: ações e estratégias. Repositório FEBAB, 2015. Disponível em: http://repositorio.febab.org.br/files/original/19/1315/Trab14400195520150330_000000.pdf. Acesso em: 22 Jun. 2021.

GONÇALVES, Eryka Fernanda Pereira. As tecnologias assistivas e a atuação do bibliotecário como intermediário entre as fontes de informação e o deficiente visual. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 1-9, mar. 2012. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/moci/article/view/16942. Acesso em: 22 Jun. 2021.

GONZALEZ, C. J. Biblioteca acessível: serviço de informação para usuários com deficiência. 2002. Monografia (Departamento de Biblioteconomia e Documentação) – ECA, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

PAULA, Sonia Nascimento de; CARVALHO, José Oscar Fontanini de. Acessibilidade à informação: proposta de uma disciplina para cursos de graduação na área de biblioteconomia. Ciência da Informação [online], v. 38, n. 3, p. 64-79, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ci/a/7Mmj3wsxXgQz6z4DfBSxWDB/?lang=pt. Acesso em: 30 Jun. 2021.

Material Complementar

BERSCH, Rita. Introdução à tecnologia assistiva. Porto Alegre: Assistiva: Tecnologia e educação, 2017. 20 p. Disponível em: https://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf Acesso em: 09 jul. 2021.

LEMOS, Joseana Costa; CHAHINI, Thelma Helena Costa. Tecnologias assistivas nas bibliotecas universitárias. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 32517-32531, dez. 2019. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/5675 Acesso em: 09 jul. 2021.

POTTER, Allan Potter. Biblioteca e acessibilidade foram discutidos na III Campanha de Preservação do Acervo do NIB. São Luís: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2019. Disponível em: https://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=55134 Acesso em: 09 jul. 2021.

SOUSA, Leticia Priscila Azevedo de; SALES, Glaucilene Mariano; MACEDO, Marília Santos. Acesso à informação acadêmica através da implementação de tecnologias assistivas: inclusão de deficientes visuais em bibliotecas universitárias. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, 28, 2019, Vitória (ES). Anais do CBBD. Vitória (ES): FEBAB, 2019. 6 p. Disponível em: https://portal.febab.org.br/anais/article/view/2152 Acesso em: 09 jul. 2021.

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Julho, 2021