Ferramentas de acessibilidade no meio digital

Descrição da Imagem: Charge digital. Retângulo na horizontal com as bordas na cor preta e fundo branco. Acima do retângulo, no lado esquerdo está escrito hashtagacessibilidadeemcharges e no lado direito a frase: Descrição da imagem no texto alternativo. Dentro do retângulo, estão Lucas, Jonas e o Servidor, em pé um ao lado do outro, no Jardim. Lucas é alto e forte, tem cabelos amarelos com topete. Jonas tem cabelos platinados, divididos no meio e usa óculos. Ele veste camiseta branca e calça preta e está usando sua bengala. O servidor tem cabelos divididos no meio, pretos, curtos e cheios. Ele veste camisa de gola redonda. No lado direito da imagem há uma porta de folhas duplas, acima da qual está escrito: Biblioteca. Acima de Lucas há um balão de fala com os dizeres: Ainda bem que colocaram descrição da imagem no texto sobre as Ferramentas de Acessibilidade no Meio Digital! Acima de Jonas sua resposta: Eu também preciso desse recurso. E acima do servidor, seu comentário: Gente, eu estudei sobre ferramentas digitais em uma capacitação, estou entendendo o que vocês estão dizendo…


Inicialmente é importante compreender que a tecnologia está em constante transformação e por isso as ferramentas que permitem o acesso às informações e ambientes também estão. Ferramentas digitais estão relacionadas diretamente à utilização de equipamentos eletrônicos e da rede de computadores. Por sua vez, o uso desses dispositivos é feito por pessoas com características corporais e funcionais diversas.

A internet possibilitou que muitas pessoas tivessem acesso à informações que antes, por uma série de motivos, não teriam, e que englobam aspectos da vida relacionados à educação, emprego, governo, comércio, saúde, diversão, interação social, entre outros. Porém, o acesso aos meios digitais não garante acessibilidade. São necessárias tantas ferramentas digitais quanto existem diversos perfis de pessoas com deficiência. Tornar os espaços digitais acessíveis é conferir “condição de alcance, percepção, entendimento e interação para a utilização, a participação e a contribuição, em igualdade de oportunidades, com segurança e autonomia, em sítios e serviços disponíveis na web, por qualquer indivíduo, […] a qualquer momento, em qualquer local e em qualquer ambiente físico ou computacional e a partir de qualquer dispositivo de acesso” (W3C, 2013, p.24).

A universalidade de acesso ao meio digital é um conceito que retrata sua complexidade, abrangência de possibilidade de comunicação e a reciprocidade para o desenvolvimento de ferramentas de acessibilidade, visto que a pessoa com deficiência é usuária, desenvolvedora de tecnologia e produtora de conteúdo. Tornar um ambiente digital acessível consiste em eliminar as barreiras de navegação para todas as pessoas com deficiência, o que corresponde ao uso de ferramentas, linguagens, condições de uso, compatibilidade e flexibilidade adequados à diversidade humana (PASSERINO; MONTARDO, 2007).

Para a criação e escolha dessas ferramentas é importante considerar a multiplicidade e diversidade dos fatores envolvidos, que incluem: elaboração de conteúdo, escolha de navegadores, utilização de softwares para criação de sítios (ferramentas de autoria), utilização de softwares de avaliação de acessibilidade e compatibilidade com tecnologia assistiva. Para além desses fatores, deve-se considerar os perfis dos usuários e os facilitadores adequados para seu acesso (REINALDI et al., 2021; WPT, 2020; W3C, 2013).

Dessa forma, é possível criar condições de alcance, percepção e entendimento para  as pessoas com deficiência com equidade, autonomia e celeridade. Para essas pessoas, diferentemente do uso feito pelas pessoas sem deficiência, as tecnologias são a possibilidade de acesso à informação, não apenas uma facilidade (W3C, 2013). Por isso, é importante que tanto o documento disponibilizado, quanto a plataforma onde está inserido, sejam acessíveis e não apenas acessáveis, ou seja, quando possibilitam o acesso, porém não permitem a navegação plena com autonomia. Alguns exemplos de ferramentas de acessibilidade são [nota1]:

  • texto alternativo com descrição de imagens e demais referências visuais para uso dos leitores de tela;
  • recurso de Libras por meio de aplicativos ou tradução feita por profissionais intérpretes;
  • transcrição dos áudios e legendagem de vídeos;
  • alto contraste (ex.: entre as cores de fundo e fonte);
  • uso de fontes sem serifa (ex.: Arial e Verdana);
  • zoom de tela;
  • recursos que possam ser acessados e acionados pelo teclado;
  • compatibilidade entre a estrutura das plataformas, disposição dos conteúdos e softwares leitores de tela.

Além disso, é imprescindível que as ferramentas sejam validadas pelos usuários com deficiência, a fim de se fazer possíveis correções. Algumas ferramentas de acessibilidade já estão disponíveis de maneira automatizada, como o recurso de Libras e ferramentas de descrição de imagem. No entanto, é preciso considerar a complexidade do conteúdo para que a ferramenta cumpra seu papel, visto que a descrição de uma imagem, por exemplo, deve levar em conta seu contexto e o objetivo de sua utilização.

Cabe mencionar que a garantia da acessibilidade nas páginas digitais está prevista no artigo 63 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente” (BRASIL, 2015).

Os portais institucionais são canais de comunicação importantes de uma biblioteca com seu público. Nesse sentido, os usuários com deficiência devem acessar os documentos normativos, informações sobre serviços, notícias e avisos com tanta agilidade quanto os usuários sem deficiência. É possível verificar os recursos de acessibilidade disponíveis nas plataformas para aplicá-los, tendo o cuidado para que a acessibilidade seja alcançada de fato. Para isso, as ferramentas adotadas devem ser facilitadores para os usuários com deficiência e não meros artefatos para atender as normativas.

A maneira ideal de construção de um ambiente digital acessível é ter uma equipe preparada e atenta às questões de acessibilidade desde a origem da criação do conteúdo ou da plataforma digital. Para tanto, é necessário que as pessoas envolvidas tenham conhecimento e sigam as diretrizes internacionais para web, assim como, utilizem recursos de acessibilidade dos editores de texto e demais softwares para a produção de documentos, materiais informativos e didáticos.

Deve ser compromisso institucional tornar seu conteúdo acessível, como forma de reconhecimento da existência e da participação da pessoa com deficiência enquanto ser social.  Eliminar barreiras e promover acessibilidade no ambiente digital passa pela ação de conscientização e educação das pessoas para uma mudança na cultura das instituições.

[nota 1] Atualmente muitas mídias digitais já disponibilizam ferramentas de acessibilidade. Para obter orientações detalhadas de como utilizar esses recursos acesse os links disponibilizados como material complementar.

 

Referências

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

PASSERINO, Liliana; MONTARDO, Sandra Portella. Inclusão social via acessibilidade digital: Proposta de inclusão digital para Pessoas com Necessidades Especiais. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, [S.l.], v. 8, abril 2007. Disponível em: http://bjopm.homologacao.emnuvens.com.br/e-compos/article/view/144/145 Acesso em: 03 set. 2021.

REINALDI, Letícia, Ramos; JÚNIOR, Cláudio, Rosa, Camargo; CALAZANS, Angélica, Toffano, Seidel. Acessibilidade para pessoas com deficiência visual como fator de inclusão digital. Univ. Gestão e TI, Brasília, v. 1, n. 2, p. 35–61, jul./dez. 2011. Disponível em: https://www.cienciasaude.uniceub.br/gti/article/view/1292/1483

W3C BRASIL. Cartilha Acessibilidade na WEB: Fascículo I: Introdução. São Paulo: W3C Brasil, nic.br, cgi.br, [2013]. Disponível em: https://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-web-fasciculo-I.pdf Acesso em: 03 set. 2021.

WEB PARA TODOS. É possível tornar um site acessível de forma automatizada? Pinheiros, SP, 10 jul. 2020. Disponível em: https://mwpt.com.br/e-possivel-tornar-um-site-acessivel-de-forma-automatizada/?ltclid=6cfb57fb-8a21-41d5-84c3-c638b0b8d97f Acesso em: 03 set. 2021.

Material Complementar

SALTON, Bruna Poletto; DALL AGNOL, Anderson; TURCATTI, Alissa. Manual de Acessibilidade em Documentos Digitais. Bento Gonçalves, RS: Centro Tecnológico de Acessibilidade, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, 2017. Disponível em: https://cta.ifrs.edu.br/livro-manual-de-acessibilidade-em-documentos-digitais/ Acesso em 03 set. 2021.

RODRIGUES, Jorge. Manual de Acessibilidade para as redes sociais: um guia de como deixar as redes sociais acessíveis para as pessoas com deficiência. Disponível em: http://www.inclusive.org.br/wp-content/uploads/Manual-de-Acessibilidade-para-Redes-Sociais.pdf Acesso em 02 set. 2021.

UFSM. COMITÊ DA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO. GRUPO DE TRABALHO MÍDIAS SOCIAIS. Guia mídias sociais: tutoriais e orientações para as redes sociais institucionais. Santa Maria: UFSM, 2021. Disponível em: https://www.ufsm.br/comunicacao/guiamidiassociais Acesso em 03 set. 2021.

Por Comissão Por uma BU Acessível (CABU)

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Setembro, 2021